segunda-feira, maio 31, 2010

Contextos - Parte II

“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até o dia ser perfeito. O caminho dos perversos é como a escuridão; nem sabem eles em que tropeçam.” Provérbios 4:18-19

No post anterior pensei com meus botões que não devo basear minhas decisões pelo contexto da situação, por melhor ou pior, que se possa parecer. E a história nos dá inúmeros exemplos: quem poderia concluir que as campinas bem regadas e verdes do Jordão levariam Ló para Sodoma e Gomorra? Que um escravo hebreu se tornaria o homem mais importante do Egito e salvaria toda uma nação? Que Dalila, entre carinhos e afagos, planejava trair a Sansão? Que aquele homem escarrado, espancado e humilhado era O Eterno, o criador de Todas as coisas, o próprio Deus encarnado?

Bem, como homens que vivem em uma dimensão física, temos a tendência de sermos guiados pelo que vemos, ignorando que, na realidade, é o invisível que controla o visível: “não atentando nas cousas que se vêem mas nas que não se vêem, porque as que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas” (II Co 4:18). Quanto menos exercitarmos nossa intuição espiritual mais dependeremos dos contextos para tomarmos nossas decisões. Quanto mais próximos de Deus melhor enxergaremos com os olhos do espírito o que não se pode ver com os olhos naturais. Penso em duas situações que ocorreram com Paulo. Ele e o seus obreiros foram até a Ásia porém: “e percorrendo a região frigio-gálata tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia” (At 16:6). Em outra situação Paulo menciona sua intenção em ir visitar os Tessalonicenses mas: “Por isso quisemos ir até vós contudo Satanás nos barrou o caminho” (I Ts 2:18). Duas situações, dois impedimentos porém com agentes bem distintos. Na primeira situação foi o próprio Espírito de Deus que não os autorizou na segunda quem os impediu foi o Maligno. Esses exemplos deveriam me perturbar mais do que me sinto perturbado. Será que tenho discernido quando um contexto vem de Deus e quando é obra do diabo? E se eu estiver insistindo em alguma situação em que Deus fechou a porta? Ou se eu estiver aceitando passivamente contextos dominados por Satanás aonde claramente devo resistir e rejeitar até o fim?

É uma completa insanidade da minha parte tentar ser conduzido pelo meu “instinto” diante dos contextos que se me apresentam. Quanto mais eu reconhecer minha incapacidade de tomar decisões pelo natural mais me achegarei ao Senhor para ouvir D’Ele os Seus conselhos. Aprender a ouvir a voz de Deus a despeito das situações é um exercício diário, constante e perene que nos leva à maturidade. “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem mas também o mal.” Hebreus 5:14

Faça silêncio só por um instante... perceba o que o Espírito Santo quer te falar hoje. Peça ao Senhor para iluminar a sua estrada que está cheia de dúvidas e incertezas. Andar sob a luz do dia perfeito é o nosso destino e é a vontade D'Aquele que a tudo pode iluminar.

“então a tua luz nascerá nas trevas e a tua escuridão será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente e fartará a tua alma até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos.” Isaias 58: 10-11

segunda-feira, maio 24, 2010

Contextos - Parte I

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” Hebreus 4:12

Muitas e muitas vezes tenho visto pessoas ao meu redor sendo orientadas pelo contexto que vivem: “vou tentar entrar sem visto se eu conseguir passar pela alfândega foi porque é da vontade de Deus pra mim” ou “recebi uma proposta de emprego irrecusável para trabalhar em outra cidade, não acredito que Deus permitiria uma oportunidade dessa na minha vida se não fosse da Sua vontade” ou ainda “foi amor à primeira vista, tudo deu certo para que ficássemos juntos isso só pode ser de Deus.” Poderia listar tantas outras situações ordinárias que nos dão a impressão que as “portas se abriram” e, então, concluímos apressadamente que vem de Deus.

As escrituras nos dão alguns exemplos de que não devemos confiar no contexto ou até mesmo em profetas que fazem sinais e prodígios porém ensinam falsas doutrinas. Em Deuteronômio 13:1- 4 o próprio Senhor nos alerta da possibilidade Dele permitir a atuação e a confirmação de sinais de falsos profetas para nos “provar, para saber se amais ao Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, e de toda a vossa alma” (vs 3). Definitivamente não devemos estribar nossas decisões nas circunstâncias: “o justo viverá pela fé” de maneira que a bússola que orientará as suas decisões deve ser os princípios e os valores explicitados na Bíblia e não em qualquer outra pessoa ou situação.

Para mim, o maior exemplo de como o contexto pode ser enganoso, nos é relatado em I Samuel 24. O rei Saul, movido por um ciúme maligno, realizou várias tentativas de matar a Davi (o futuro rei de Israel já ungido e designado pelo Senhor). Em uma de suas campanhas contra Davi, Saul entra em uma caverna para “aliviar o ventre” sem saber que o próprio Davi e seu exército estão escondidos no interior da caverna. Ao verem Saul se despindo da sua armadura e dos seus trajes de guerra a conclusão dos homens de Davi parece ser a mais óbvia: “então os homens de Davi lhe disseram: Hoje é o dia, do qual o Senhor te disse: Eis que te entrego nas mãos o teu inimigo e far-lhe-á o que bem te parecer” (vs 4). Finalmente havia chegado o dia da vingança! Após tantas traições e tentativas de homicídio finalmente se cumpriria as promessas de Deus! Porém essa não foi a conclusão de Davi. Ele já conhecia o suficiente ao Seu Senhor para saber qual era a Sua vontade: “disse Davi aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal cousa ao meu Senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor. Com estas palavras Davi conteve os seus homens e não lhes permitiu que se levantassem contra Saul” (vs 6,7). Que homem foi Davi! Apesar de ter sido um grande herói de guerra capaz de lutar destemidamente ele não levantou a sua espada contra aquele que por quase dez anos tentou tirar a sua vida. Não tenho dúvidas de que, naquela caverna, Deus testou a fé de Davi. O Senhor preparou todo um cenário favorável para que Davi matasse a Saul. Davi foi provado e optou pela obediência a despeito do contexto. Seu coração cada vez mais pertencia a Deus. O período de preparação estava terminando e, em breve, Davi se tornaria no maior rei da história de Israel.

Tento me colocar naquela caverna escura e úmida. Qual seria a minha conclusão se eu estivesse ali? Agiria como um dos homens de Davi julgando que a situação vinha do Senhor? Discerniria adequadamente o cenário? Quanto mais conhecermos a palavra de Deus mais capacitados estaremos para distinguir os contextos. Porque a palavra de Deus não muda. Seus princípios são eternos e servem de âncora para nossa fé. Não devemos confiar em nossos “achismos”, sentimentos ou circunstâncias. Apenas a Palavra de Deus é capaz de lançar luz aos pensamentos e propósitos do coração.

Às vezes chegamos em um oásis e acreditamos que “é de Deus” outras vezes rejeitamos o deserto acreditando que Deus nunca nos levaria vivenciar experiências tão desafiadoras. Não devemos ser tão rápidos em nos mover. Porque melhor nos será estarmos no deserto com Deus do que no oásis com o diabo. Melhor é a caverna com Deus do que todo um reino sem Ele.

“o Senhor teu Deus te guiou no deserto para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no seu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.” (Dt 8:2)

segunda-feira, maio 17, 2010

Dia das mães

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” Provérbios 22:6

Nesse último “dia das mães” não me encontrei com a minha mãe. Havia programado de vê-la no final do dia mas um congestionamento na estrada e uma febre inesperada impediram a visita. Após desligar o telefone avisando-a do infortúnio viajei no tempo e levei meus pensamentos até à minha infância junto à minha mãe. Fui uma criança muito amada por meus pais e minha avó – sim, sou caçula criado com vó – daqueles que tomava leite quente no verão e nunca andava descalço. Tenho ótimas lembranças da minha infância e dos meus pais porém é a piedade da minha mãe que hoje chama a minha atenção.

Em uma caixinha de madeira de sabonetes Phebo minha mãe guardava vários cartões com versículos bíblicos. Na parte da frente constava a referência e no verso o texto por escrito. Muitas vezes eu a ajudava no seu “treinamento” passando e repassando os inúmeros versículos que ela memorizava. Fazíamos o “cultinho doméstico” aonde tínhamos que orar, decorar versículos e ler alguma história juntos. Lembro-me também da bíblia da minha mãe toda marcada e cheia de anotações companheira inseparável de todas as suas manhãs. Todas as terças-feiras ela levava o estudo para a “reunião das irmãs” da Igreja Batista aonde ela se reúne até hoje. Sempre andava com folhetos evangelísticos de maneira que passei a minha infância ouvindo-a falar do amor inefável de Deus e da inacreditável salvação que o homem recebe pela fé em Jesus Cristo. gratuitamente. Até meus coleguinhas de escola não escapavam da pregação, oração e das músicas que cantávamos dentro do carro enquanto íamos para a aula. Não posso deixar de mencionar minha saudosa avó que, até meus 12 anos foi minha companheira de quarto. Uma das cenas mais constantes da minha infância, era acordar de manhã e ver minha avó ajoelhada ao pé da cama orando.

Após tantos anos fiquei surpreso de me lembrar desses fatos. Eles estavam perdidos na minha memória porém não no meu caráter. A vida e o exemplo espiritual de minha mãe sempre estiveram em rota de colisão com a cultura e a mensagem do mundo. Como conseqüência, a presença de Deus cristalizou-se em meu coração ainda na infância de maneira que, quando cheguei às crises da adolescência, minha fé permaneceu firme diante das incertezas e tentações. O testemunho maternal e um lar que temia ao Senhor (o exemplo dos meus irmãos merece um outro pensamento) contribuiu para a posterior conversão de meu Pai e para talhar em meu coração princípios que me acompanharão até o meu último suspiro de vida.

Diante da aproximação do nascimento de meu filho é natural que eu construa alguns modelos para o que eu considero ser “o ideal de um pai” porém não posso me submeter ao ideal do mundo mas sim ao ideal divino. Claro que quero dar pra ele o melhor de tudo: educação, esporte, lazer, cultura, moradia, roupa, etc. Mas pensando bem essas coisas não possuem valor eterno, elas são tão efêmeras quanto superficiais. O que o meu filho precisa é de que eu ame ao Senhor de todo o meu coração. De que a minha vida seja inteiramente consagrada a Deus de tal maneira que ele sinta, ouça e veja a Deus através da minha experiência até chegar ao momento em que ele sinta, ouça e veja a Deus na sua própria experiência.

Neste “dia das mães” pude perceber que, para uma criança, as atitudes falam muito mais alto do que qualquer discurso e que não existe nada mais didático do que o exemplo. Trazer Deus para o meu dia a dia foi o melhor legado que minha mãe me deixou e essa será a maior herança que desejo deixar para o meu filho.

“No temor do Senhor tem o homem forte amparo, e isso é refúgio para os seus filhos.” Proverbios 14:26

segunda-feira, maio 10, 2010

O trabalho do Oleiro

“Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer deste outro vaso, segundo bem lhe pareceu. ” Jeremias 18:4

Ao iniciar esses pensamentos sobre os reis e os profetas de Israel uma lição perturbadora me salta aos olhos: cuidado com o que você pede a Deus, Ele pode atender ao seu pedido e isso não será de benção para você. Se, no primeiro momento isso parece estranho de ler, vamos ver o que aconteceu com Israel.

Havia se passado mais de 600 anos desde a sua libertação da escravidão do Egito. Em 600 anos muitas coisas podem mudar. Moisés, Josué, o maná, a coluna de fogo e as 10 pragas parecem agora muito distantes da realidade dessa nação. A fé viva e vibrante de outrora fora substituída por uma tradição caduca cercada de impurezas e misticismo. Quando chegamos em I Samuel somos informados que: “naqueles dias a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram freqüentes” (3:1). As advertências divinas não foram levadas a sério e Israel estava em constante flerte com a idolatria do panteão cananeu. No meio dessa situação Israel pede por um Rei. Israel queria um rei “como o têm todas as nações” (I SM 8:5).

Em Jeremias 18 nos é relatado que o Senhor Deus envia o profeta para a casa do oleiro. Chegando lá, Jeremias passa a observar a obra do oleiro sobre as rodas lidando com o barro. Observou também que, em um determinado momento, o vaso se estragou e o oleiro então desfez completamente o vaso e passou a fazer um novo. Nesse momento veio a palavra do Senhor a Jeremias dizendo: “não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro ó casa de Israel?” (Jr 18:6). De alguma forma, podemos dizer que essa figura ilustra o trabalho de Deus com o povo de Israel. Deus como um oleiro inicia um trabalho com seu povo porém esse povo de dura cerviz não aceitava o modelar do Senhor. Então o Senhor desfazia o trabalho anterior e passava a trabalhar com o povo de outra maneira. A Teocracia (o governo direto de Deus) não funcionou e agora um novo tratar de Deus surge através da Monarquia. Mas será que esse era o melhor pedido? Vejamos algumas passagens em I Samuel:

“Disse o Senhor a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te rejeitaram a ti, mas a mim, para que eu não reine sobre eles.” (8:7)

“Vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amon vinha contra vós outros, me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei: ao passo que o Senhor vosso Deus era o vosso Rei.” (12: 12)

“Grande é a vossa maldade, que tendes praticado perante o Senhor pedindo para vós outros um rei.” (12:17)

“Todo povo disse a Samuel: roga pelos teus servos ao Senhor teu Deus, par que não venhamos a morrer; porque a todos os nossos pecados acrescentamos o mal de pedir para nós um rei.” (12:19)

Existe uma advertência solene para a Igreja nesse exemplo. Ao longo desses séculos, o povo do Senhor tem se afastado do propósito inicial e da vontade diretiva de Deus. Penso nas Igrejas no Apocalipse: uma havia perdido o primeiro amor, a outra sustentava doutrina demoníacas, a outra igreja estava tão equivocada nas suas doutrinas que passaram a conhecer as cousas profundas de Satanás, a outra tinha aparência de estar viva mas na realidade estava morta. E, por fim, na última Igreja, quase como uma figura direta de Israel que rejeitou o governo do Rei Divino, vemos que o Senhor Jesus fora deixado no lado de fora e agora são os homens que tomam as decisões.

Mas alguém pode dizer que essa não é a situação atual da Igreja pois existe muita salvação, curas, milagres e profecias no meio do povo de Deus. Talvez a resposta seja a mesma que Deus disse ao Seu povo quando eles rejeitaram o Seu governo: “pois o Senhor, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo, porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo.” (I Sm 12:22) Vivemos em grande perigo quando somos orientados pelos resultados e não pela Palavra de Deus.

Quão perigoso é pedirmos alguma coisa ao Senhor quando a Palavra de Deus não habita ricamente em nosso corações e quando nossa visão está escurecida! É interessante o que acontece comigo. Todas as vezes que sou alimentado pela Palavra e quando minha visão ganha um novo fôlego, invariavelmente, os meus pedidos mudam de direção e a minha oração ganha um novo curso. “Seja feita a Tua vontade” sempre será a melhor oração de um coração sábio.

“Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma.” Salmos 106:15


(texto escrito para o blog "Sobre reis e profetas")

segunda-feira, maio 03, 2010

A verdadeira família

Jesus estendendo a mão aos discípulos disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai Celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe. Mateus 12:49, 50

A Bíblia é muito clara sobre a importância da família diante de Deus. Paulo diz: “ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé e é pior do que os descrentes” (I Tm 4:8). Pedro inclusive diz que um homem pode ter suas orações interrompidas se não tratar sua esposa com dignidade (I Pe 3:7). Porém, confesso que tenho olhado com muita ressalva os que advogam que a família é a base da Igreja. Temo que esse tipo de pensamento desvirtue nosso entendimento colocando a família como causa e não como resultado da nossa vida cristã. E, o que é igualmente perigoso, desvalorizarmos e não enxergarmos qual é a verdadeira família na ótica de Deus.

Quanto a esse assunto, o exemplo de Eli tem muito o que nos ensinar. Eli fazia parte do seleto grupo dos juízes de Israel. Porém seus filhos “eram filhos de Belial e não se importavam com o Senhor” (I SM 2:12). O Senhor separa um novo juiz, o último que antecederia a era dos reis, o jovem Samuel. Ao se revelar à Samuel, Deus diz: “Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre pela iniqüidade que ele (Eli) conhecia porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu” (I Sm 3:13). Antes disse, o Senhor adverte a Eli e lhe pergunta: “porque honras aos teus filhos mais do que a mim?”(2:29). Eli desagradou profundamente a Deus ao preferir sua família. Um outro exemplo, porém positivo, encontramos na tribo de Levi. Quando o povo de Israel se prostituiu com o bezerro de ouro, os levitas ficaram ao lado de Moisés e desembainharam suas espadas pelo Senhor (Ex 32). Como galardão pela sua fidelidade os levitas se tornaram a única tribo permitida por Deus para o serviço sacerdotal. Mesmo no final de sua vida, Moisés ainda é capaz de se recordar da coragem dos levitas e ora: “ De Levi disse: Dá, ó Deus, o teu Tumim e o teu Urim para o homem, teu fidedigno, que tu provaste em Massá, com quem contendeste nas águas de Meribá; aquele que disse a seu pai e a sua mãe: Nunca os vi. E não conheceu a seus irmãos, e não estimou a seus filhos, pois guardou a tua palavra e observou a tua aliança” (Dt 33:8,9).

Esse assunto não deveria soar tão estranho aos cristãos. O próprio Senhor Jesus adverte aos seus discípulos: “vim causar divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama mais seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim.” (MT 10:35 – 37). Quando alguém avisou ao Senhor que sua família queria falar com Ele, o Senhor responde que seus verdadeiros parentes eram os que faziam a vontade do Pai. Ao contrário de Eli, o Senhor Jesus sempre tinha claro quem era sua verdadeira família.

Tenho o privilégio e a alegria de ter uma família terrena que confessa o nome do Senhor. Porém, eu sei que, na realidade, somos uma figura da verdadeira família. Quando chegarmos na eternidade não existirão mais os “Aguirre” ou os “Silva”. Ali seremos uma única família com um único Pai e teremos o mesmo sangue sobre nós. O sangue do Cordeiro.

Como preciso aprender com a vida de Eli. Honrar ao Senhor mais do que qualquer pessoa é o nosso desafio mesmo que uma espada nos separe da família terrena. Quando guardamos a Palavra de Deus e observamos a Sua aliança experimentaremos o gozo de participarmos da verdadeira família. E por ser a verdadeira, esse gozo não terá fim.

“Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor a mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e no mundo por vir a vida eterna.” Marcos 10:29 – 30

(texto escrito para o blog "Sobre reis e profetas")