terça-feira, março 18, 2008

Novos tempos

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu (...) há tempo de falar e tempo de estar calado. ”Ec 3:1,7

Quando comecei esse Blog coloquei como meta pessoal escrever durante 12 meses publicando, pelo menos 01 pensamento por semana. Queria me esforçar em passar pelas 4 estações do ano para perceber quais seriam meus pensamentos durante os “verões” e os “invernos” da vida. Durante esse tempo parei de escrever por quase 09 meses por diversos motivos plausíveis (mudança de emprego, mudança de apartamento, viagens a trabalho, etc). Porém, ao longo de todo esse tempo, eu sabia que deveria voltar a escrever porque eu tinha a sensação de que meu objetivo não havia sido ainda cumprido. Voltei a escrever os pensamentos em Setembro do ano passado e, após, 55 pensamentos postados, sinto-me tranqüilo em parar de escrever.

Quando comecei a escrever sinceramente não sabia o que me esperava. Nunca tive facilidade para escrever e não sabia se o blog seria um manancial de prazer ou um pesado fardo que ficaria atado aos meus pés. Não foi nem um, nem outro. Os pensamentos nunca foram problema; eles estão sempre aí pulando na minha cabeça. O problema era conseguir colocar no papel os pensamentos com o mínimo de linearidade e aplicação. Tentei fugir do padrão estudo bíblico. Sei que não tenho a competência e a profundidade necessárias para escrever sobre assuntos já tão ricamente explorados por tantos santos ao longo das eras. Mas, desejei, pontuar meus pensamentos sempre usando como quadro de fundo minha história e cotidiano.

Também quero agradecer àqueles que, de alguma forma, interagiram comigo através de e-mails, sugestões, comentários e pensamentos. Amigos distantes, irmãos próximos e alguns que nunca os conheci. Estou certo que, no final da nossa jornada, nos encontraremos e nos saudaremos pessoalmente.

Como muitos sabem, dedico esse blog aos amados jovens com quem tenho o privilégio de conviver. Não sei se eles acompanharam os posts e também não sei se existiu algum tipo de ajuda objetiva. Porém, como irmão mais velho, sentia-me inclinado a passar um pouco das minhas derrotas, medos e ansiedades no desejo que isso gerasse, em suas vidas, vitória, coragem e descanso.

Se me permitem, gostaria de deixar um último pensamento. Se me perguntassem qual é a coisa mais surpreendente que eu já ouvi ou experimentei não teria nenhuma dúvida em responder: A graça de nosso Senhor Jesus. Estou certo que não há nenhum outro assunto ou tema em que eu deva gastar mais do meu tempo e esforço. Pedro diz: “esperai inteiramente na graça que nos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. ” (I Pe 1:14) . Paulo, na sua última carta, aconselha ao seu filho na fé Timóteo: “fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus” (II Tm 2:1). Por falar em Paulo, todas as suas cartas começam e terminam desejando graça. O que para alguns pode soar uma falta de criatividade da parte de Paulo, na minha opinião ele simplesmente desejava o melhor que ele havia recebido e experimentado em sua vida. A graça de Deus é o melhor que podemos receber, vivenciar e testemunhar. É pela graça que andamos e é pela graça que nos levantamos da queda. A graça de Deus é testemunhada em todo lugar o tempo todo. Precisamos apenas sintonizar nossos ouvidos espirituais para ouvirmos a doce melodia da provisão, proteção e salvação de Deus.

Comecei escrevendo esse texto com uma tremenda tempestade lá fora. Aproximei-me da janela e fiquei contemplando aquele espetáculo da natureza. Entre relâmpagos e trovões pude escutar o forte vento soprando contra minha janela. E, mais uma vez, tive um sentimento que insiste em me perseguir. Como uma onda, senti dentro de mim um estranho desconforto de inconformidade com o presente. Um desejo intenso de que meu futuro chegue rápido. Eu tenho uma hipótese para esse sentimento. Acho que é porque ainda sou um peregrino em terra estranha e, às vezes, sinto saudades do meu futuro lar.

“Aquele que dá testemunho desta cousas diz: Certamente venho sem demora. Amém. Vem Senhor Jesus. A graça do Senhor Jesus seja com todos.” Apocalipse 22:20,21

segunda-feira, março 10, 2008

Santificação - Parte III (Emoção)

“Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.” Apocalipse 22:11

Finalmente chegamos à última parte desta breve meditação sobre como nossas reações equivocadas podem impedir nossa jornada rumo à santificação. Nossa razão, vontade e emoções podem trabalhar contra a vontade de Deus e precisamos ter a capacidade de discernir quando isso acontece.

É difícil encaixar nossas emoções no lugar que elas deveriam permanecer. As músicas, as novelas os filmes e os poetas exaltam aqueles que são guiados pelos seus sentimentos. Andar por aí fazendo o que quiser na hora que quiser e do jeito que quiser tornou-se um símbolo da liberdade de um coração que é guiado pelas suas emoções. Mas, na verdade, acontece justamente o contrário. O homem não foi criado para ser guiado pelas emoções. Nosso coração deve estar preso à coisa certa; a partir do momento em que temos o coração preso à Deus encontramos liberdade. Os que são dirigidos pela emoção tornam-se escravos dos prazeres e emocionalmente imaturos.

Nossas emoções são tão fortes quanto enganosas. Elas fluem de diferentes formas e nos pressionam de diferentes maneiras. Independente da personalidade que temos, elas nos arrastarão para correntezas profundas em que a segurança da terra firme não existirá mais. Seremos levados pela violenta força das emoções que tentarão nos guiar por caminhos desconhecidos.

Nossas emoções também são instáveis. Penso no meu casamento. Muitas vezes começo o dia amando e admirando a minha esposa com toda intensidade, e, no meio do dia, por motivos tão pequenos do nosso cotidiano, tenho vontade de fugir e não vê-la por 10 dias. Ao final do dia, chegando em casa, pedimos perdão mutuamente e, como que num passe de mágica, volto a amá-la de todo o meu coração. É claro que minhas emoções tentam me dizer o que devo fazer mas não devo aceitar seus conselhos. Não é de se estranhar que pesquisas descobriram que casamentos longos e felizes passam pelos mesmos problemas que os casamentos desfeitos e infelizes. A diferença é que enquanto no primeiro caso, apesar das turbulências, eles perseveram no segundo grupo as emoções tomam o controle sobre as decisões. A emoção é uma péssima conselheira porque ela é orientada pelo momento e desconsidera a prudência, a sabedoria e a razão.

Não irei ao extremo de rejeitar as minhas emoções. Mas rejeito ser dirigido por elas. O Senhor Jesus demonstrou suas emoções várias vezes durante seu ministério mas nunca permitiu ser controlado por nenhuma delas. Ali, no Getsêmani, apesar do medo, da tristeza e da angústia expressadas externamente pelo choro e pelas gotas de suor que se transformaram em gotas de sangue, o Senhor Jesus preferiu trilhar o caminho da obediência e do sofrimento. São as nossas emoções que devem ser amoldadas à vontade soberana de Deus e não o contrário.

Olhando para trás consigo compreender porque para nós é tão difícil trilhar o caminho da santificação. Esperamos ou entender ou ter vontade ou que as nossas emoções nos levem à obediência e isso, muitas vezes, nao irá acontecer. Geralmente, precisaremos nos opor a nós mesmos para, assim, experimentarmos o poder do evangelho: quando me faço louco por Cristo sou verdadeiramente sábio. Quando rejeito minha vontade por Cristo sou verdadeiramente livre. Quando nego minhas emoções por Cristo sou verdadeiramente feliz.

Quem controla o meu coração? Minha mente? Minha vontade? Minhas emoções? Será que quero ser realmente santo? Caso a resposta para a última pergunta foi um sincero "sim" então eu sei qual é o melhor destino para o meu coração.

“Dá-me, filho meu, o teu coração.” Provérbios 23:26