quinta-feira, junho 29, 2006

A qual deles seguirei?

“... mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres certamente morrerás” Gênesis 2:17

Assisti ao filme “Código Da Vinci” obra homônima do livro escrito por Dan Brown. Como eu não acompanhei de perto a polêmica gerada pelo livro, decidi, por minha conta e risco, ir ao cinema conferir as bobagens e heresias inventadas. Confesso que, quando se descortinou a base do enredo, fiquei envergonhado de estar ali calado ouvindo todas aquelas afrontas a respeito de Cristo. O filme apresenta um Jesus incapaz de tornar-se o Salvador e Senhor da humanidade. O vilão chega a dizer: “quero revelar quem foi Jesus para o mundo, para que a humanidade fique livre”.

Esse ponto me impressionou porque acredito que nele se resume a maldição que caiu sobre toda a raça adâmica: “Porque estava nu tive medo e me escondi” (Gn 3:10). O homem caído deseja fugir de Deus. “O perverso não investiga. Que não há Deus, são todas as suas cogitações” (Sl 10:4). O homem escolheu a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e não comeu da Árvore da Vida. Desde então anda em busca de alguma direção que o possa convencer da não existência divina. Está a procura de alguma coisa, qualquer coisa, aonde espera preencher o buraco causado pelo pecado. A partir da luta travada no Éden, a antiga Serpente, concentra seus esforços em distrair a humanidade afastando-a de Deus. Ninguém está neutro dessa terrível influência, nem mesmo a Igreja.

Se o “Código Da Vinci” é fajuto, o mesmo não posso dizer do “Código do Diabo”. Ele planta sinais, símbolos, vocabulário, hábitos visando trazer uma falsa liberdade ao homem. Olhando ao meu redor, consigo perceber vários desses códigos operando incessantemente sobre minha vida. Eles tentam produzir em mim um sentimento de independência de Deus. Me faz acreditar que tenho condição de governar a minha vida: “Eu sou o senhor do meu destino o capitão da minha alma” já disse algum poeta enganado pela mentira diabólica. Alguns sinais são claros, outros são evidenciados apenas através da implacável luz da íntima comunhão com o Espírito Santo quando ilumina o que é verdadeiro (Jô 16:3).

Fico pensando no povo de Israel. Deus fez sinais e prodígios libertando-os da escravidão de faraó. No deserto, estendeu uma nuvem que lhes servisse de toldo, e um fogo para os alumiar de noite. Pediram e ele fez vir cordonizes e os saciou com pão do céu. Fendeu a rocha, e dela brotaram águas” ( Sl 105:39-41). E apesar de todas as bênçãos, o povo teve saudades da comida do Egito (Nm 11:4-5). Foram enganados e seduzidos pelo terrível “Código do Diabo”. Eles se arrependeram de ter seguido a Deus. Buscavam uma liberdade sem Deus que jamais encontrariam. Pior do que o incrédulo que resiste à verdade, é o cristão que volta a ser enganado ( II Pedro 2).

Após assistir ao filme, fui tentado a criticar a cristandade. Afinal de contas, para que tanto empenho em provar que Jesus é Deus se, na prática, não o obedece como tal? Mas, tive que me render, e reconhecer que essa pergunta eu deveria fazê-la para mim. A minha vida tem sido coerente com qual desses caminhos? Tenho reconhecido apenas teoricamente a existência divina de Cristo? Estou disposto a abrir mão do meu futuro, da minha independência para sujeitar-me inteiramente ao Seu senhorio? O meu vigor, força e tempo proclamam qual desses caminhos? Jesus como Senhor ou Jesus como uma farsa? Em qual deles acreditarei? A quem seguirei?


“Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o.” I Reis 18:21

segunda-feira, junho 26, 2006

Presente de aniversário

“Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio.” Salmos 90:12

No final desse mês de junho, estarei completando 30 anos de idade. Quando eu era adolescente, ficava imaginando como seria a minha vida aos 30 anos. Ficava imaginando a minha aparência, como seria o meu trabalho, qual seria o meu carro e todos os demais sonhos tão comuns nessa fase da vida. Hoje, vejo quanta diferença existe entre o que idealizamos e o que de fato torna-se realidade. Não sou aquele homem atlético que sonhei em me tornar, travo uma luta inglória contra a balança e, geralmente saio derrotado. Passei a usar óculos para poder enxergar melhor e vi que a minha calvície não para de aumentar. Também não tenho o carro que sonhava em ter e muito menos a vida glamurosa tão ostentada nas novelas da Globo ou nos filmes de Hollywood. Se eu, aos 15 anos, tivesse tido uma visão da minha vida aos 30, é provável que eu ficasse decepcionado.

É trágico confessar que as minhas ambições e sonhos não incluíam minha vida espiritual. As minhas metas giravam em torno das coisas materiais e não em torno de Deus e Seu eterno propósito. O rei Davi, ciente dessa ameaça que ronda todos nós humanos, ora a Deus: “Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim, e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade. Deste aos meus dias o comprimento de alguns palmos; à tua presença o prazo da minha vida é nada. Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade. Com efeito, passa o homem como uma sombra; em vão se inquieta: amontoa tesouros e não sabe quem os levará” Salmos 39: 4 – 6. Ao longo desse tempo, tenho aprendido que devo incluir Deus em todos os meus planos. Investir no que eterno é o melhor que posso fazer. Reconhecer a efemeridade dessa vida me levará a cultivar valores que jamais serão abalados.

Fico imaginando como serei daqui a 15 anos. Confesso que minhas ambições e desejos são muito diferentes de 15 anos atrás. Sonho em me tornar uma pessoa mais santa, sonho em tornar-me mais sensível e obediente a Deus diante de todos os desafios que virão durante a minha peregrinação. Sonho em ser um marido, filho, amigo e irmão melhor do que eu o sou agora. Mas principalmente, sonho em me tornar muito, mas muito mais íntimo de Deus.

Ao meditar sobre a minha vida, deparo-me com Ele, o Grande Deus Criador. Ele é quem me deu esses 30 anos e será Ele que definirá quantos anos ainda terei nesta terra: “pois Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” (At 17:25). Diante de tantas possibilidades de escolha, já sei que presente de aniversário irei pedir ao meu Pai Celestial:

“Uma cousa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo.” Salmos 27:4

Oxalá que seja assim.

quinta-feira, junho 22, 2006

Os miseráveis

“Não há justo nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer (...) nos seus caminhos há destruição e miséria.” Romanos 3:10-12,16

Sou um miserável. “Pessoa desgraçada, sem valor, muito pobre, digna de compaixão” (Dicionário Aurélio). E foi justamente por reconhecer meu triste estado foi que, um dia, me prostrei diante de Deus e clamei pelo seu perdão e pelo seu amor dado gratuitamente através do Seu filho – Jesus Cristo. Qualquer pessoa que teve uma experiência genuína com Deus passou, obrigatoriamente, pelo caminho da auto-humilhação e confessou a sua miséria.

O que me traz profunda estranheza é como essa verdade avassaladora ainda não foi enraizada definitivamente no meu coração. Porque, naturalmente, tenho a tendência de esquecer-me da minha miséria e tento andar pela minha auto-suficiência. Essa deveria ser uma das primeiras e básicas lições de um novo convertido: sou um miserável, não existe nenhuma condição em mim mesmo de salvar-me ou de agradar a Deus. O que acontece é justamente o contrário. Passamos ir aos cultos todos os domingos, mudamos nosso vocabulário, passamos a contribuir com dízimos e ofertas e pronto! Vestimos uma máscara religiosa de piedade e dignidade que nos faz esquecer que ainda somos miseráveis.

É bem provável que isto tenha ocorrido com os Laodicenses em Apocalipse 3: 14- 21.pois dizes: estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” Eles se esqueceram que sem Cristo, que foi deixado do lado de fora batendo à porta, os nossos caminhos serão de destruição e miséria. Ao contrário dos Laodicenses, o apóstolo Paulo tinha bem fresco em sua memória quem ele era: “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo dessa morte? Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor.” Romanos 7:24-25 Não existia diferença entre os laodicenses e Paulo quanto à sua condição: eram ambos miseráveis. O reconhecimento sincero é o que determinou caminhos tão diferentes.

Creio que posso resumir esse pensamento da seguinte forma: todos nós somos miseráveis. E os miseráveis são divididos em três grupos: os que recusam a aceitar a verdade, os que sabem, porém se esqueceram e os que reconhecem com resignação. Temos em nossas mãos a seguinte escolha: ou declaramos a nossa miséria e corremos para o trono da graça para recebermos misericórdia ou, em algum dia, ouviremos da própria boca de Deus a respeito da nossa situação. Infelizmente essa escolha não é definitiva. Ela é feita a cada momento das nossas vidas. Cada atitude, palavra ou serviço será submetido a esse simples teste: fizemos em Cristo ou por nossa própria conta?

Quando contemplarmos o nosso Deus e Pai em sua glória e majestade, quando nos prostrarmos diante do Cordeiro, então teremos que reconhecer: Somos miseráveis! Porém damos graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor!

Sublime graça que alcançou um pobre como eu.
Que a mim, perdido e cegou achou, salvou e a vista deu.

A Deus, então, adorarei. Ali, no céu de luz.
E para sempre cantarei da graça de Jesus.

segunda-feira, junho 19, 2006

Colirio

“Aconselho-te que de mim compres (...) colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas.” Apocalipse 3:18

Na minha primeira experiência em dirigir em estrada, aconteceu uma situação patética. Estávamos voltando do Rio de Janeiro quando, ao entrarmos em um túnel, me desesperei. Não estava conseguindo enxergar nada à minha frente. Fui diminuindo a velocidade do carro e disse para o meu pai o que estava acontecendo. “Meu filho – disse meu pai sem se exaltar - tire seu óculos escuro e você enxergará melhor”.

Ao falar da época da vinda do Senhor, a Bíblia a compara ao final de uma noite em que os peregrinos aguardam ansiosamente o nascimento do Sol da Justiça (Malaquias 4:2). “Vai a alta noite e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas, e revistamo-nos das armas da luz” exorta o apóstolo Paulo aos romanos. Pedro também fala do nosso dever em guardarmos as profecias como “a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vossos corações” (II Pedro 1:19).

O sono e a escuridão antecederão a vinda do Senhor. A necessidade de vigilância é ainda maior nas últimas horas da noite. Quando falamos em óculos escuro logo pensamos em férias, tranqüilidade e de um belo dia de sol. Porém o seu uso em um ambiente de trevas é inconcebível. Isso porque ele só trará mais escuridão. Ficaremos confusos, faltará sabedoria para discernirmos o tempo. O Senhor aconselha a sua igreja em Laodicéia a comprar colírio para que pudessem ver. Ao comprar, eles deveriam pagar um preço. E isso é um dos pontos que nos faz recuar na caminhada cristã: não desejamos ter qualquer tipo de custo. Queremos viver um cristianismo barato que não traga sacrifícios para a nossa vida. Preferimos usar óculos escuro mesmo que seja durante a noite.

Não tenho colocado a questão do óculos escuro representando o pecado. Creio que é mais sutil do que isso. Porque o óculos em si não é a questão, mas sim o seu indevido uso durante a noite. Algumas vaidades, pequenos luxos, concessões, amizades e hábitos podem estar escurecendo a nossa visão. São as pequenas raposas que destroem o vinhedo (Cantares 2: 15).

No atual momento da história da humanidade, tirar o óculos já não é o suficiente. A igreja deve pagar o preço e comprar colírio a fim de poder enxergar. Não estamos de férias aproveitando um belo dia de sol. O período mais negro da história da humanidade se aproxima rapidamente. A besta receberá adoração de todos os que habitam sobre a terra (Apocalipse 13:8), pelejará contra os santos e os vencerá (Apocalipse 13:7) e blasfemará contra Deus difamando os que habitam no céu (Apocalipse 13:6). Não é estranho dormirmos em um momento em que o Senhor nos ordena vigiar?

O nosso descanso chegará em breve. O Sol já desponta no horizonte. Não durmamos justamente agora.


“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e, sim como sábios, remido o tempo porque os dias são maus.” Efésios 5:14 - 16

segunda-feira, junho 12, 2006

Caçadores de serpentes

“Não negligencieis igualmente a prática do bem e a mútua cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se compraz.” Hebreus 13:16

Existe uma fábula que é mais ou menos assim:

Em uma fazenda, vivia um ratinho que em certo dia viu uma pequena serpente se esconder dentro do celeiro. Preocupado em não se tornar o almoço da serpente, o ratinho pediu ajuda aos outros animais: a galinha, o porco e a vaca. “Vocês precisam me ajudar! Uma serpente entrou no celeiro hoje de manhã e estou com medo de ser atacado por ela” – disse o ratinho reconhecendo seu triste lugar na cadeia alimentar. Apesar do sincero pedido de ajuda, os animais não se interessaram pela sua situação, cada um deu um bom motivo e todos voltaram aos seus afazeres.
No dia seguinte, a esposa do fazendeiro, foi ao celeiro e, enquanto mexia no feno foi picada pela serpente e ficou muito doente. O fazendeiro preocupado com a saúde de sua mulher matou a galinha e fez uma boa canja para reanimar sua amada esposa. Os familiares, ao saberem do ocorrido, foram fazer uma visita. O fazendeiro ao receber seus parentes, matou o porco e fez uma bela feijoada. Após duas semanas, vendo que sua esposa já estava bem de saúde, convidou toda a vizinhança, matou a vaca e fez um lindo churrasco para comemorar.
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A obra satânica se levanta contra tudo que é da vontade de Deus. Se o Senhor é contra a fornicação e o adultério, então satanás trabalhará ativamente produzindo na humanidade um desequilíbrio quase que animalesco por sexo. Se o Senhor deseja que tenhamos uma vida simples, satanás trará um ritmo e padrão de vida que nos tornará escravos do trabalho e das pressões do dia-a-dia. Com respeito à mútua cooperação não é diferente. A vontade do Senhor é que andemos juntos. Que levemos as cargas uns dos outros (Gl 6:2). Que confessemos os nossos pecados e oremos uns pelos outros para sermos curados (Tg 5:16). Ao longo das eras, existe uma obra maligna que tenta afastar-nos da vida coletiva que o Senhor planejou para seus servos. Quando fomos resgatados do império das trevas e transportados para o reino do Filho do Seu amor, descobrimos que não estamos mais sós. Assim como eu, milhares de milhares de outros pecadores encontraram salvação e proteção na família de Deus. Fomos batizados para dentro de um só corpo. Queiramos ou não, estamos unidos uns aos outros. O Senhor espera que ajudemos uns aos outros durante a nossa caminhada. Como mencionei anteriormente, satanás trabalha intensamente para afastar-nos de tudo que é legitimamente do Espírito. O cristianismo sem compromisso mútuo e egoísta talvez seja uma das maiores contradições do evangelho pregado atualmente.

Nestes dias de trevas, em que os homens, entre tantas outras coisas, se tornaram egoístas e desafeiçoados (II Tm 3:2-5) pensar no próximo tornou-se num grande desafio para minha vida. Deixar de só pensar em que posso receber para começar a pensar em que posso dar. Gastar meu tempo na cooperação, no trabalho e no desenvolvimento dos meus irmãos. Preocupar-me com suas preocupações. Importar-me com seus temores. Valorizá-los mais do que a mim mesmo. Chorar com os que choram e alegrar-me com os que se alegram (Rm 12:15).

Na minha vida cristã tenho experimentado a fidelidade do Senhor através de vários irmãos e irmãs que tem me ajudado a prosseguir. Tenho certeza que muitas orações já foram feitas a meu favor. Quando olho para trás, sei que muitos já se importaram em caçar as “serpentes” que me aterrorizavam.

Assim como na fábula, o problema hoje do meu irmão, poderá se tornar no meu problema amanhã. A falta de cooperação mútua permite o surgimento de serpentes que poderão, futuramente, inocular morte em muitos. Quando nos tornamos caçadores das serpentes que perturbam o bem-estar dos nossos irmãos garantimos também saúde espiritual para as nossas próprias vidas. Experimentaremos a benção do cristianismo genuíno: quanto mais eu der, mais receberei. Quanto mais eu esquecer de mim mesmo, mais serei lembrado. Quanto mais eu amar, mais serei amado.


“Quem é pois, o servo fiel e prudente a quem o Senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens” (Mt 24:45-47).

quinta-feira, junho 08, 2006

Atalaia de Deus

“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, sobre a terra, angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas (...) Ora, ao começarem estas cousas a suceder, exultai e erguei as vossas cabeças; porque a vossa redenção se aproxima.” Lucas 21:25,28

Todos nós somos indesculpáveis diante de Deus. Nenhum homem poderá dizer diante do Tribunal do Trono Branco que não teve oportunidade em conhecer o verdadeiro Deus. “Porque os atributos invisíveis de Deus assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade claramente se reconhecem desde o principio do mundo sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas (...) porém o homem desprezou o conhecimento de Deus” (Romanos 1:20,28).

A natureza sempre foi uma testemunha poderosa em declarar a existência de Deus e o seu poder. “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmos 19:1). Quando vejo um incrédulo admirado com o universo ou com a natureza fico tentando imaginar qual é o sentido dessa apreciação se isso não o levar a conhecer a Deus. Ao observarem o mesmo pôr do sol, um cristão e um incrédulo, deverão, necessariamente, possuir sentimentos diferentes. O Espírito ilumina os olhos do nosso coração para vermos além do visível. O que para os olhos naturais significa uma determinada coisa, para nós, o significado deve ser bem diferente.

Na passagem em Lucas, o Senhor Jesus afirma que os sinais e tragédias que ocorrerão no planeta deverão produzir sentimentos opostos em seus habitantes. Enquanto as nações ficarão angustiadas e perplexas, os peregrinos se alegrarão porque a redenção se aproxima. É o mesmo cenário, mas as reações são completamente opostas: angústia para as nações e alegria para a Igreja.

Não posso ficar sem meditar nesse estranho fenômeno: que tipo de sentimento é produzido no meu interior quando assisto ao tele-jornal ou quando leio as previsões pessimistas de um relatório ambiental? Perplexidade ou Exultação? Porque quanto mais as nações se assustarem com tsunamis, terremotos, camada de ozônio e outros tantos sinais, mais alegre eu deveria ficar. Porém, a incapacidade de se ver o que não se vê desperta na Igreja o mesmo sentimento que existe entre as nações. Assim como os gentios em Romanos 1, não teremos desculpas a dar a Deus diante de tantos sinais que Ele tem dado.

A Natureza serve a Deus como um Atalaia. A cada catástrofe, a cada sinal, ela tem tocado sua trombeta anunciando o poder de Deus. Se, por um lado, a natureza tem alertado as nações sobre a brevidade do juízo divino, por outro lado, tem fortalecido a fé dos santos lembrando-lhes da promessa de novos céus e nova terra.

Estamos atentos às advertências dessa fiel sentinela? Temos escutado sua trombeta?


“Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.Também pus atalaias sobre vós, dizendo: Estai atentos ao som da trombeta; mas eles dizem: Não escutaremos.” Jeremias 6: 16-17

segunda-feira, junho 05, 2006

Porque o mundo não pode nos conhecer


“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus; e de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.” I João 3:1

“E eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou.” João 17:14


Trazer à lembrança o meu chamamento celestial é um dos maiores desafios no meu dia-a-dia. Isso porque a tendência em apegar-me às coisas visíveis é absolutamente natural. O apóstolo Paulo alerta aos romanos do perigo da mente cristã ser modelada com os princípios e o caráter mundano (Romanos 12:2).

A bíblia retrata esse mundo de uma forma crua e sem o romantismo tão peculiar de cristãos carnais amantes das coisas caídas. Este mundo tenebroso (Ef 6:12) rejeitou seu criador: “Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu” (João 1:10). Pior que isso, o mundo o odiou (João 15:18) amando as trevas mais do que a luz (João 3:19). O príncipe deste mundo (João 14:30) declarou guerra contra o Senhor Jesus e contra todos os seus redimidos. Quando perceberemos que estamos em um campo de batalha? Existe uma batalha ininterrupta pela minha mente, pelos meus desejos e pelo meu tempo. E, por mais que eu tente me enganar, não existe nenhuma atitude que seja neutra nessa terrível guerra pela minha vontade. Em cada segundo da minha vida, terei que optar pelo mundo ou por Deus; não há meio termo: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4).

O mundo não conheceu ao Senhor Jesus, antes matou o autor da vida (Atos 3:15). Da mesma forma, o mundo natural não pode compreender as coisas espirituais. Nós, peregrinos em terra estranha, nos movemos e falamos de coisas invisíveis para o mundo:
* Nossa pátria está nos céus (Filipenses 3:20).
* Nossa herança está reservada nos céus (I Pedro 1:4).
* Nosso chamamento é celestial (Hebreus 3:1).
* As nossas bênçãos não são materiais mas sim espirituais (Efésios 3:1).
* Estamos assentados em lugares celestiais em Cristo Jesus (Efésios 2:6).
* A nossa luta não é contra o sangue e a carne mas contra seres invisíveis nas regiões celestiais (Efésios 6:12).

Entristeço-me quando esqueço dessas verdades. Quando procuro o amor de quem me odeia, ou pior, de quem odeia ao meu amado Salvador. Quando tento transformar esse lugar de batalha em um lar agradável para minha habitação. Quando eu me torno indolente na luta incessante de resgatar e salvar vidas da condenação que virá sobre toda esta terra. Quando faço concessões ao príncipe deste mundo em detrimento às ordenanças do Príncipe da Paz.

Hoje, o mundo não pode nos conhecer. Mas chegará o tempo em que o Senhor Jesus tomará de volta o que lhe foi usurpado pelo Diabo. Naquele dia, “a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor como as águas cobrem o mar” (Habacuque 2:14). Os povos e as nações se prostrarão em reverência ao único e verdadeiro Rei desta terra.

Podem esperar. Esse dia não tarda em chegar.


“O Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia um só será o Senhor e um só será o seu nome.” Zacarias 14:9

quinta-feira, junho 01, 2006

A síndrome de Aitofel

Há pouco tempo atrás, chamou-me muito a atenção a breve história de um conselheiro real da época de Davi chamado Aitofel (II Samuel 16:15 – 17: 23). Analisando seus sinais, características e reações percebi que muitos de nós também sofremos do mesmo padrão de comportamento. Em homenagem ao nosso personagem, batizei esse mal de Síndrome de Aitofel. Vejamos as características dessa síndrome:
Discernimento avantajado. A primeira característica que percebi foi que essa pessoa possui um discernimento muito acima da média. Aitofel era o conselheiro do Rei Davi e após a rebelião de Absalão tornou-se conselheiro do novo rei (II Samuel 16:20,23). Um bom conselheiro consegue perceber situações que os outros não conseguem. Assim como a coruja, enxerga na escuridão e, por isso, é tido por sábio entre os demais.
Conhecimento bíblico. Outra característica dessa pessoa é que, pelo fato de ter um conhecimento maior das escrituras o seu conselho geralmente é recebido como se fosse uma instrução direta de Deus. “O conselho que Aitofel dava naqueles dias era como resposta de Deus a uma consulta” (II Sm 16:23). Com isso grande respeito e autoridade Aitofel conquistou no meio do povo.
Orgulho Espiritual. Porém, essa síndrome traz uma característica mortal; o orgulho. Aitofel não suportou quando o rei preferiu o conselho de Husai ao seu conselho. Ele se sentiu tão humilhado que se enforcou! (II Sm 17:23). Somente uma pessoa com tamanho orgulho poderia chegar a tal extremo. Naquele momento, era Aitofel que necessitava receber conselhos. O orgulho de Aitofel cegou seu entendimento e o impossibilitou de perceber a ação de Deus uma vez que Bíblia nos diz que foi o próprio Senhor que fez dissipar o bom conselho de Aitofel (II Sm 17:14). Essa síndrome produz esse estranho paradoxo: conseguimos enxergar muito bem para os outros sem dar-mos conta que estamos cegos.

Talvez essa história de Aitofel tenha me chamado tanta a atenção porque me identifiquei com ele. Que vergonha reconhecer que tenho essa síndrome latente dentro de minha alma. Tenho uma resistência interna em valorizar o conselho dos outros quando é oposta à minha opinião. Tenho dificuldade em apreciar ao meu próximo e considerar os outros superiores a mim mesmo (Fp 2:3). Infelizmente, também vejo ao meu redor muitas outras pessoas que possuem essa mesma síndrome. Assim como aconteceu com Aitofel, o efeito dela é mortal. Porque ela trabalha contra a paz, a alegria e o amor. A comunhão genuína e sadia desaparece dando lugar a amargura, desconfiança e divisão. A síndrome de Aitofel trabalha contra a vontade de Deus e impede o quebrantamento do cristão. Enquanto estamos sendo ouvidos e respeitados perdura uma delicada comunhão mútua. Mas quando somos confrontados ou ignorados tomamos atitudes estranhas que, muitas vezes, trazem morte.

O apostolo Paulo tinha todas as credenciais para desenvolver tal síndrome. Devido ao seu grande zelo e fervor era referência para os judeus e, após sua conversão, rapidamente tornou-se referência para os cristãos. Ele literalmente apanhou muito até ser curado. Ele diz: “para que não me ensoberbecesse foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte” (II Co 12:7). A palavra “esbofetear” significa “dar bofetada após bofetada”. Ao longo da historia de Paulo não tem como não perceber o quanto ele sofreu fisicamente: cinco vezes recebeu uma quarentena de açoites menos um, três vezes fustigado com varas, apedrejado e outros tantos infortúnios (II Co 11: 24-27). Paulo sentiu-se fraco. Sentiu-se impotente diante de tanto sofrimento, mas, ao invés de se enforcar ele correu para Deus. E, ao buscar a Deus descobriu que o poder se aperfeiçoa na fraqueza. Após o seu diagnóstico, a síndrome de Aitofel só pode ser curada pelo uso constante da abundante graça de Deus através da vida de Cristo.

Apesar de conhecer bem a teoria, tenho dificuldade de colocá-la em pratica. Quando sou “esbofeteado” tento me defender, quando sou desprezado me refugio na minha auto-compaixão. Perco a santa oportunidade de correr para Deus e encontrar n’Ele consolo e graça. Ao enxergarmos a soberana mão de Deus em todas as coisas iniciamos o nosso tratamento. Ao sermos esbofeteados, entramos no processo de cura. O sabor do remédio pode ser um pouco amargo, mas santifica a nossa alma e fortalece o nosso espírito.

“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injurias, nas necessidades, nas perseguições, nas angustias por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então é que sou forte.” (II Co 12:10)